domingo, abril 02, 2006

A JUSTIÇA DO REI.

Era uma vez um reino que passava por uma crise grave de confiança em seu poder judiciário. Grande parte da população não acreditava na isenção de seus magistrados e tinha certeza que todos os julgamentos eram políticos e os culpados, se ricos ou nobres, nunca eram condenados.

Até que, num belo dia, um sapo vira príncipe e, por se dizer uma pessoa do povo, acaba sendo escolhido para governar o reino.

Dentre as muitas coisas que prometeu ao povo, antes de ser escolhido, uma parecia quase que divina. Ele prometia que iria acabar com a injustiça e que todos, mesmo os mais humildes, teriam direito a julgamentos justos. Que a justiça, a partir de seu reinado, não mais distinguiria entre ricos e pobres ou entre nobres e plebeus. Que aquele era "Um Reino de Todos".

Muita gente não acreditou nas promessas. Mas se expressavam sua descrença eram taxados de reacionários, de oposição raivosa e desqualificados publicamente. Mas a grande maioria do povão, aquele povo sempre injustiçado ou abandonado pelos antigos governantes, acreditava e confiava nas boas e honestas intenções do rei.

E, realmente, no início do reinado parecia que as coisas tinham mudado para melhor. Vários nobres falidos foram pegos em falcatruas atravez de operações cinematográficas promovidas pela polícia do rei. E, a cada nova operação, era dada a maior divulgação possível pelos arautos reais.

Claro que o rei tambem não ficava atraz e, sempre que possível, ecoava seu grito de guerra: "- Nunca antes na história deste reino tantos corruptos ou bandidos de nobre estirpe foram punidos ou investigados."

E o povo vibrava. De nada adiantava a argumentação dos poucos que alertavam que, apesar de justas, as punições e investigações estavam centradas apenas nos inimigos do rei. Que os amigos do rei nunca eram investigados devidamente.

Pobres almas. Eram desqualificados como pretendendo defender seus pares. E que estavam era com inveja pois ... "- Nunca antes na história deste reino tantos corruptos ou bandidos de nobre estirpe foram punidos ou investigados."

E a vida seguia calma e serena naquele reino até que, num belo dia, um nobre de alta estirpe estava dirigindo sua carruagem esporte conversível de 10 cavalos de potência, novinha em folha, em alta velocidade por uma estradinha rural. Numa curva mais fechada, o nobre de alta estirpe perde o controle de seu veículo e atropela dois pobres aldeões que estavam conversando no acostamento.

O impacto foi tão violento que um dos aldeões deu um giro no ar e caiu estabacado dentro da carruagem esporte conversível do nobre de alta estirpe. Já o outro pobre aldeão, pego em cheio, foi projetado a mais de 10 metros do local do acidente. Sua sorte foi ter caido no meio de um monte de feno, que amorteceu sua queda. O pobre aldeão ficou desacordado e coberto de feno. Por sorte, ou por bondade dos deuses, nenhum morreu nem se machucou gravemente.

O nobre de alta estirpe bem que tentou fugir mas o povo que a tudo assistia fechou sua rota de fuga clamando por justiça.

O nobre, em pânico, tentava argumentar:

- Mas sou um nobre de alta estirpe. Sou o marketeiro oficial do rei. Não atropelei estes aldeões de propósito, foi apenas um êrro. Todo mundo sabe que meu hobby é correr de carruagem pelas estradas do reino.

Ao que o povo retrucava:

- Queremos justiça. Nosso rei garante justiça para todos e punição mesmo para nobres de alta estirpe como o senhor. E o senhor estava andando em alta velocidade, pondo em risco a vida do povo.

- Não, não ... isso não é verdade - diz o nobre de alta estirpe - eu apenas estava dirigindo numa velocidade não contabilizada. Não posso ser culpado por estes aldeões estarem conversando exatamente no meu caminho.

Mas de nada adiantou sua argumentação. O nobre de alta estirpe foi forçado a esperar a chegada da polícia do rei.

Quando a polícia do rei chegou, o chefe da tropa imediatamente reconheceu o nobre de alta estirpe. Afinal aquele sim era um nobre da mais alta estirpe do reino. Mas, ao mesmo tempo, com o povo clamando por justiça, o jovem oficial foi assolado pela dúvida. Deveria ele fazer cumprir a justiça do rei e prender o nobre de alta estirpe? Ou deveria fingir que nada aconteceu?

Afinal era casado, ganhava relativamente bem, gostava do que fazia e emprego era uma coisa muito dificil naquelas épocas no reino. E, assim, resolveu consultar seu chefe maior, o vice rei da justiça, antes de tomar qualquer providência.

Enquanto esperava pela resposta foi tomando os depoimentos, retirando o aldeão ainda em choque que estava dentro da carruagem do nobre de alta estirpe. Depois de muito procurar acabou encontrando o outro aldeão ainda desacordado escondido pelo feno que amorteceu sua queda.

Algum tempo depois chega a resposta do vice rei da justiça. A mensagem dizia:

- Nosso mui amado rei diz que não irá tomar partido de ninguem. Que a decisão é toda sua. Mas alerta que também é sua toda a responsabilidade pelo que vier a acontecer. Se a sua decisão for a correta, você será louvado pelo rei. Mas se a sua decisão for a errada, toda a ira do rei recairá sobre a sua cabeça.

Depois de muito pensar, o jovem oficial da polícia de rei toma sua decisão. Preenche todos os relatórios necessários e encaminha o processo para a justiça do rei.

Claro que o nobre de alta estirpe não ficou preso. Afinal, alem de ser um nobre da mais alta estirpe, tinha residência fixa e nunca antes havia atropelado ninguem com esta sua carruagem esporte conversível de 10 cavalos. Dai que era réu primário e poderia responder ao processo em liberdade.

Algum tempo depois, o processo finalmente chega nas mãos de um dos juízes do rei para julgamento. O juiz analisa cuidadosamente o processo e fica preocupado. Sabe que o nobre de alta estirpe envolvido não é um nobre de alta estirpe qualquer. Também sabe que não pode simplesmente esquecer o processo pois o povo já esta comentando e começa todo um movimento para que a justiça do rei seja cumprida. Dai que o juiz resolve consultar o vice rei da justiça antes de tomar qualquer decisão. Afinal, ser juiz do rei era um dos melhores empregos do reino. O salário é excelente, alem de muitas mordomias.

A resposta não tardou e dizia:

- Nosso mui amado rei apenas repete o que já disse antes. Que não irá tomar partido de ninguem. Que a decisão é toda sua. Mas alerta que também é sua toda a responsabilidade pelo que vier a acontecer. Se a sua decisão for a correta, você será louvado pelo rei. Mas se a sua decisão for a errada, toda a ira do rei recairá sobre a sua cabeça.

Depois de muito pensar o juiz finalmente toma sua decisão. E, com toda a pompa e circunstancia que a gravidade do momento exige, ele proclama sua decisão:

- Alegrem-se todos pois a justiça do rei foi feita. Claro está que o nobre de alta estirpe extrapolou de seus direitos de dirigir em velocidades não contabilizadas. E, claro está que errou, envolvendo-se em um acidente de percurso. Por esta razão deverá ser severamente punido. Dai que será condenado, em carater definitivo e irrevogável a nunca mais em sua vida dirigir carruagens esporte conversíveis de 10 cavalos naquela estrada específica. A justiça do rei é severa.

- Do mesmo modo, a justiça do rei considera que os dois aldeões envolvidos no acidente estavam onde estavam por sua livre e espontânea vontade, mesmo sabendo que, pelo fato de estarem onde estavam, estariam sujeitos a possibilidade de acidentes. Dai que intrinsicamente aceitaram os riscos inerentes ao local. Por esta razão não fazem juz a nenhum tipo de reparação por dano real ou presumível. A justiça do rei é sábia.

- Mas, como imediatamente após o acidente, um dos envolvidos adentrou de forma intempestiva no veículo que supostamente teria causado o acidente e sem ter sido convidado por seu dono, caracterizando invasão violenta de propriedade privada, condeno-o a pena de 3 anos de trabalhos forçados. A justiça do rei é implacável.

- Da mesma forma, imediatamente após o acidente o outro envolvido afastou-se rapidamente do local escondendo-se em um monte de feno, caracterizando fuga do local do crime e obstrução da justiça do rei, razão pela qual é condenado a pena de 5 anos de trabalhos forçados. A justiça do rei é honesta.

E todos se alegraram e festejaram pois finalmente, naquele reino, a justiça do rei era para todos, pobres ou ricos, nobres ou plebeus. E louvaram a grandeza do rei que, como magistrado maior, não interferiu no julgamento de um nobre de alta estirpe pois, afinal, a justiça do rei é imparcial.

MORAL DA HISTÓRIA: "Moral? O que é isso mesmo?"

sábado, abril 01, 2006

CURTAS.

Nossa amiga Vera sugere e endossa a Campanha pelo Voto Seguro.

Realmente, quando paramos para pensar, verificamos a extrema fragilidade do voto eletrônico sem registro impresso. Na situação atual, é necessário um alto grau de confiança nas "Instituições", coisa que elas não estão merecendo.

Dai que, pegando carona na sugestão da amiga, também apoiarei esta Campanha.

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Vocês já perceberam que um monte de gente que estava no limbo voltou a aparecer na mídia pegando carona na "onda Francenildo"?

Reparem que estas pessoas, como por exemplo os Busatos e Reales da vida, seguem as ondas da mídia, aparecem, falam e juram que irão fazer e depois ....... simplesmente somem.

Quando cobrados por suas posições assumidas justificam com os mais variados argumentos, pricipalmente culpando outros, a situação, o clima político enfim tudo menos a falta de ação prática deles mesmo.

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Muita gente tem criticado o relatório da CPMI dos Correios. Que a "turma do mal" iria criticar de qualquer maneira não é surpresa. Mas a "turma do bem" criticar porque não foi explicitado que o Lulla foi omisso já é demais. Não seria pelo fato da omissão ser declarada no relatório que ficaria mais fácil levar adiante um processo de impedimento.

Se houvesse uma real vontade política de impedir o Lulla, as "oposições" já teriam agido desde o início do processo. Razões legais já existem a muito tempo. Só que o problema nunca foi a justificativa legal. O problema é a falta de clima político para o processo de impedimento. Por clima político leia-se povo na rua exigindo a saida delle.

Sem clamor popular não existe chance de se tirar, mesmo pela justiça, um presidente legalmente eleito e que conta com cerca de 40% das intenções de voto para as próximas eleições. Por mais bandido que elle seja, e tenho certeza que é, os números falam por si.

Junte-se a isso um Congresso sem moral que nem consegue cassar deputados comprovadamente envolvidos em crimes e tudo vira um lindo sonho de uma noite de verão.
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